JOVENS NO MUNDO SEM SER MUNDANOS
Para a juventude de um modo geral, trata-se de um tabu a experiência da fé vivida na radicalidade do Evangelho, contudo, sem abrir mão dos “bons prazeres” que o mundo oferece.
O primeiro aspecto a ser combatido, é a concepção equivocada que temos de mundo. Confundem-se, com certa frequência, coisas do mundo com coisas pagãs. Coisas mundanas com coisas inevitavelmente pecaminosas ou anticristãs.
O livro do apocalipse fala que ao ser precipitado do céu, satanás desceu para a terra com grande ira (Ap 12, 12). Em outros trechos a bíblia o aponta como príncipe deste mundo. E várias outras citações possíveis, inadvertidamente, levariam a entender que este mundo pertence a ele. Porém, há de se refutar absolutamente tal ideia. Não foi dado ao demônio nenhum reinado, nenhum principado, ou sequer um feudo que pudesse tomar conta. Logo, estar no mundo e, por consequência, vivenciar as experiências ditas “mundanas”, não é por si só, um indício de algo impuro ou pecaminoso.
Pois então, como estar no mundo e não ser mundano? Como ser deste mundo e não ser escravo dele?
A convivência social sadia, a apreciação das boas músicas, a arte, o belo, o agradável, nada disso é contra a vontade de Deus, nada disso nos afasta d’Ele.
A música se não é sacra (que se canta na Igreja) não é automaticamente pecaminosa. É mundana, porque trata de coisas e experiências deste mundo, mas não necessariamente é pecaminosa.
O pecado é quando começamos a eliminar Deus das nossas experiências no mundo. O eliminamos do convívio social, com as más conversações, O eliminamos da música com as letras de duplo sentido e pornográficas, O eliminamos da sexualidade, quando nos tratamos como meros apreciadores do prazer pelo prazer. Eliminamos Deus quando o álcool, as drogas assumem o lugar do Seu Espírito como combustível da felicidade. Aí sim, o mundo se torna totalmente satânico. Não porque Deus tenha dado o mundo ao Inimigo, mas porque os homens tornaram-se então disseminadores do seu “pseudo-reinado, fazendo dele ao menos, príncipe deste mundo”.
Quando a vida depende do que o mundo proporciona de “bom”, quando se idolatra o que se tem neste mundo, quando Deus não tem mais espaço para falar ao coração tomado de mundanismo, quando beber do Espírito é muito mais difícil e menos constante que se embriagar de álcool, quando o corpo não é mais templo do Espírito Santo, quando as roupas testemunham uma vida “sexocrática” (com o perdão do neologismo), quando as palavras não vem de Deus e não levam pra Ele, é deste modo que o Inimigo busca se apossar do trono.
Estar no mundo sem ser mundano é encontrar Deus e viver na presença D’Ele, mesmo nos momentos mais humanos, como a curtição ou na balada, sobrevindo sempre uma pergunta para tudo que fizermos: “Convém?”. Estar no mundo sem ser mundano é encontrar em Deus o sentido de aproveitar o que se pode, sem perder o que se necessita (que é a Graça de Deus). Clichês como: “tudo é permitido, mas nem tudo convém”, “seja luz nas trevas”, “ser santo de calça jeans”, estes não envelhecem, não se esvaziam, não perdem valor. Estar aqui sem ser mundano é calcar bem os pés na terra, mas apenas para ganhar impulso e chegar ao céu.
O mundo é passageiro, com suas alegrias e tristezas e disso sabemos bem. Ora, somos então convidados a olhar para o que é Eterno. A herança dos santos é para aqueles que souber passar por esse mundo e fazer dele um rastro de céu!
Chega de mundanismo, chega de vida promíscua e desinteressada, chega de busca desenfreada por prazer e felicidade onde só se encontra vazio. Deus nos colocou no mundo e nos deu tudo o que ele pode oferecer como direito, mas nos chamou a viver a vida eterna, prenunciada pelo que aqui chamamos de bom. Onde poderemos provar a verdadeira alegria, a verdadeira paz, o verdadeiro bem. Somos estrangeiros, estamos de passagem, aproveitemos então com prudência as benesses dessa terra, mas nossos olhos saudosos devem sempre se voltar para nossa querida pátria, o Céu. Lá nos veremos, com a graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Deus nos abençoe!
Lucas Xavier
(Missão Kerigma – Campos/RJ)
