Modéstia Masculina
A modéstia é um dos doze frutos do Espírito Santo. A modéstia diz respeito não só a vestimenta, mas também aos gestos e atitudes, que devem sempre perseguir a finalidade de edificar o próximo e dar glória a Deus. Na vida de São Francisco de Assis, há um episódio que ilustra quanto o cumprimento desse dever pode produzir nas almas um efeito equivalente ou talvez maior que o de um sermão. Certa vez, ele convidou um frade, seu discípulo, a acompanhá-lo em uma pregação. Após percorrerem a cidade em silêncio, São Francisco retomou o caminho do convento. Sem entender o que se passava, o frade perguntou:
- Mas, meu pai, não dissestes que íamos fazer uma pregação? Aqui estamos de volta, e não proferimos uma só palavra... E o sermão?
E São Francisco respondeu:
- Já o fizemos. Não percebes que a vista de dois religiosos andando pelas ruas com estas vestimentas e em atitude de recolhimento vale tanto quanto um sermão?
Na nossa cultura há uma maior liberdade para os homens em relação ao seu modo de se vestir. Desde pequenos os meninos são ensinados que podem andar sem camisa, ou com camisetas cavadas etc. Para eles, acaba se tornando normal; crescemos acreditando que não há mal algum nisso. É claro que um menino sem camisa será visto apenas como uma criança, mas o problema maior se dá quando é um homem que está sem camisa, pois além de se expor demasiadamente, coloca em risco a pureza das mulheres. Mas afinal, por que essa diferença de liberdades conferidas aos homens e as mulheres se todos somos imagem e semelhança de Deus?
Quando pensamos em modéstia é comum nos remetermos somente às mulheres, como se fosse um dever exclusivo delas. Isso porque os homens são mais visuais e a imodéstia das mulheres é capaz de gerar efeitos muito mais desastrosos nos homens do que a nossa imodéstia pode gerar nelas, porque somos diferentes em nossa natureza e, dessa maneira, as consequências do pecado original também se apresentam de maneira diversa em ambos. A modéstia masculina tem que se expressar no cuidado com a vestimenta, é claro, mas defendo que não é propriamente a nossa vestimenta que se torna uma ocasião de pecado para as mulheres, mas, sobretudo, o nosso comportamento e as nossas atitudes, bem como a pureza das nossas ações e pensamentos para com elas.
Vemos hoje, claramente, uma retomada do pensamento da sociedade pagã da Grécia Antiga, em que o ideário masculino está tomado pela cultura do corpo, como se a força e o porte físico fossem a perfeita expressão da masculinidade. Contudo, nos ensina o Prof. Felipe Aquino: “O corpo é belo e digno, mas o seu culto não pode sufocar o espírito.” Como reflexo desse pensamento, os homens não só têm buscado para si a beleza física, como têm reduzido a grandiosidade da beleza feminina ao corpo. Por isso, uma mulher que se veste de maneira adequada educa o homem, pois não provocará nele os piores pensamentos, mas, ao contrário, o profundo desejo de conhecer o seu coração.
Nossa sociedade tem propagado a ideia de que a masculinidade de um homem se mede pela sua capacidade de conquistar várias mulheres, de ser atraente e desejado por elas. G. K. Chesterton nos ensina que “ser fiel a uma única mulher é um preço pequeno demais se comparado à grandiosidade de poder ter uma mulher”. Portanto, meus irmãos, não eduquemos nossos filhos, sobrinhos, afilhados etc, para seguir esses modelos mundanos do que é ser homem de verdade, pois sabemos que nossa verdadeira masculinidade está escondida na nossa capacidade de morrermos para nossas paixões, nos sacrificando sempre mais, buscando crescer em virtudes, a fim de ganharmos o Céu.
Esto Vir!
São José, rogai por nós!
Gabriel Coutinho
