O que está escondido na cultura dos anticoncepcionais
Não pretendo neste artigo invalidar ou descreditar o uso dos anticoncepcionais, pois sabemos que a terapia hormonal tem as suas indicações e traz benefícios a determinados pacientes. O que pretendo abordar, todavia, é a falsa ideia propagada desde a revolução sexual de que os anticoncepcionais são “medicamentos” milagrosos, ideia essa comprada - ainda hoje e cada vez mais - por esses médicos atrelados a uma política contraceptiva e de controle de natalidade, afirmando para mulheres e, pior, meninas tão novas e saudáveis, que o uso dos anticoncepcionais é bom para regular o seu ciclo, para que o fluxo não seja muito intenso, ou, ainda, para aliviar os sintomas da TPM e evitar a acne! (Aff!). Em contrapartida, não se diz a elas como atuam, na verdade, os anticoncepcionais, seus efeitos colaterais e os riscos à saúde feminina, a fim de que elas possam fazer uma escolha consciente; ainda que optem por usar, o façam sabendo as reais consequências advindas deste uso. Arrisco dizer que se a maioria das mulheres soubesse quais são, de verdade, os efeitos e os riscos, não utilizariam. Cada vez que compartilho na rede social algum artigo ou matéria sobre os contraceptivos, alguma menina me procura, diz que deseja parar de usar, reclama dos efeitos colaterais e me pede ajuda para indicar um médico que tope um tratamento alternativo. Sempre digo: prepare-se para viver uma peregrinação, pois é extremamente difícil encontrar um médico honesto e estudioso o suficiente para admitir outras possibilidades de tratamento.
O anticoncepcional não é uma luz no fim do túnel
Pelos estudos que já são feitos há bastante tempo [1], sabemos com segurança que a pílula não é único tratamento possível para algumas doenças. Eu mesma, quando fui diagnosticada com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), me recusei a acreditar que este era o único tratamento possível. Fui buscando um tratamento alternativo até encontrar um endocrinologista e uma ginecologista muito bons – e muito estudiosos – que me deram a segurança de um tratamento eficaz sem o uso da pílula, com medicamentos alternativos, dieta e prática regular de atividade física. Muitos me perguntam: “mas isso é mesmo tão seguro assim? Porque a minha médica disse que, para mim, o único tratamento é a pílula e eu vou precisar usar para o resto da vida; terei dificuldade para engravidar e talvez nem possa engravidar.” Eu respondo: se você iniciar um tratamento com pílula, corre o sério risco de tomar para o resto da vida sim, pois eu conheço pessoas que tomam há 5, 7, 9 anos e não estão livres da SOP. E, realmente, tomando pílula para o resto da vida, como lhe disse sua médica, talvez você não engravide nunca mesmo. Percebem como é uma questão delicada? Depende da sua boa vontade e de um médico capacitado, que possa analisar o seu caso de modo individualizado. Existem estudos muito bons que eu indico que leiam, vou indicar alguns [2] que nos levam a reconhecer o benefício dos tratamentos alternativos para diversos casos. Do mesmo modo, há vários outros estudos sérios que apontam os riscos e malefícios da pílula - tromboses, embolias pulmonares, acidente vascular cerebral e outros [3] - e afirmam que, mesmo nos casos em que ela é realmente necessária, deve ser administrada na menor dose possível e apenas pelo tempo necessário [4].
Quando a mulher está grávida, comandos são enviados à hipófise, para que sejam mantidos altos os níveis de estrógeno e progesterona, a fim de que os ovários não sejam estimulados, ou seja, para que a mulher não ovule. Com a pílula, acontece o mesmo. Esses hormônios, porém sintéticos, estão contidos na pílula. A mulher vive esse falso estado de gravidez, para enganar o organismo e impedir a ovulação. Não consigo acreditar que, de modo prolongado, isso faça bem ao organismo. E, de fato, se procurarmos saber, veremos que várias mulheres, quando decidem deixar a pílula, após terem tomado por vários anos, têm muita dificuldade para retomarem os ritmos naturais da fertilidade. O organismo necessita de um longo período de desintoxicação do medicamento.
Os anticoncepcionais e a coisificação da mulher
Mas muitos podem pensar que isso tudo é só uma conversa fiada e se perguntar: o que, de fato, isso tem a ver com a fé católica? O Papa Paulo VI na encíclica Humanae Vitae, em 1968, já havia profetizado o seguinte: “Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz? Deste modo, os homens, querendo evitar dificuldades individuais, familiares, ou sociais, que se verificam na observância da lei divina, acabariam por deixar à mercê da intervenção das autoridades públicas o setor mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal.” (HV, n. 17). O que o Papa havia falado, em 1968, explica porque é tão difícil hoje lutar contra a cultura anticonceptiva. As autoridades, com a desculpa da necessidade de controlar o crescimento demográfico, sobretudo nos países em desenvolvimento, subvencionam esse tipo de cultura. Mas sabemos que não é este o foco da questão.
Os contraceptivos foram criados em meio à revolução sexual e prometiam a liberdade sexual. Isto porque, com a pílula, homens e mulheres poderiam ter relações sem o “ônus” de gerar vidas. Mas isso sempre esteve longe de ser benéfico para a mulher. Outra profecia do Papa Paulo VI, que se verifica claramente hoje, foi que “o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada. (HV, n. 17). Não é nada difícil verificar essa realidade em que a mulher fora posta diante do homem. Não só por contribuição dos anticoncepcionais, mas também por outras práticas advindas da revolução sexual que colaboram para que o homens e mulheres permaneçam escravos de suas paixões.
Antes do pecado original, a mulher era um ícone. Adão, quando olhou para Eva, viu a sua nudez, mas porque as suas paixões estavam ordenadas e sua razão submetida ao Espírito, ele era capaz de enxergar a pessoa de Eva; ele foi capaz de olhar para ela e se remeter a Deus. Ele não disse: caramba, uma mulher nua! Mas, ao contrário, louvou a Deus dizendo: esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne. (cf. Gn 2, 23). Com o pecado original, isso se perdeu. O homem, desde então, tende a olhar para a mulher e não conseguir fazer esse movimento de remissão a Deus; tende a parar na carne, sem conseguir enxergar a pessoa dela. A mulher, desde o pecado original, deixou de ícone e tem sido – e, muitas vezes, porque ela mesma deseja ser - ídolo. Na Palavra, Deus nos alerta que uma das consequências do pecado seria a dominação do homem sobre a mulher. A partir do momento em que a pílula passa a fazer parte da vida dos casais, o homem tem total domínio da fertilidade feminina, ele passa a ter, de certa forma, meios de controle. É triste, mas não é raro ouvir relatos tristes de esposas que se tornaram escravas sexuais de seus maridos, porque o ato conjugal desses casais dissociou duas realidades essenciais e indissociáveis: a união entre os esposos e a geração dos filhos. A partir do momento em que esses casais se fecham à vida, não vivem o amor em sua totalidade – e a totalidade é uma exigência do amor verdadeiro (cf. HV, n. 9). Não amam na totalidade, porque há reservas. O homem não ama a mulher por inteiro se rejeita a sua fecundidade.
O amor verdadeiro se compromete.
Por fim, depois de já ter alertado sobre os malefícios que estão escondidos na cultura dos anticoncepcionais, é preciso dizer aos homens e mulheres fiéis a nosso Senhor, que desejam em seu matrimônio cumprir o Seu desígnio de amor: a Igreja não é contra o uso dos anticoncepcionais em casos terapêuticos, em que realmente não há outra alternativa, ainda que seu uso venha a resultar em uma infertilidade - que se espera ser temporária -, desde que isso não seja querido diretamente. (HV, n. 15). É importante esclarecer que estes casais não estão fadados a viver um amor infecundo, por causa de uma doença grave, cujo tratamento eficaz seja apenas pílula, bem como os casais que sofrem com a infertilidade e os casais que, mesmo férteis, por razões justas (HV, n. 16) precisam espaçar a gestação. Todos são convidados a viver o amor fecundo, isto é, aquele que não se esgota na comunhão entre os cônjuges, mas que deseja frutificar. Santa Teresinha, que na busca de sua vocação compreendeu que o amor englobava todas as vocações, definiu em lindas palavras o que é o amor verdadeiro: “amar é tudo dar e dar-se a si mesmo. O verdadeiro amor se compromete, porque não se pode amar verdadeiramente quando não se está disposto entregar tudo de si.
Que a Sagrada Família de Nazaré nos mostre o caminho para o verdadeiro amor!
Carolina Amaral
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[1]Dr. F. J. MACCANN é autor das obras “OS PERIGOS DA ANTICONCEPÇÃO”, “ANTICONCEPÇÃO: UMA CAUSA COMUM DE DOENÇAS” e “EFEITOS DO USO DOS CONTRACEPTIVOS NOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS”.Também a Federação Mundial de Médicos com sede na Bélgica, dirigida pelo Dr. K. F. GUNNING e formada por mais de 300 mil médicos em todo o mundo, entre eles o famoso Dr. Jerome Lejeune, que é professor de Genética Fundamental na Universidade de Paris, denuncia os efeitos dos contraceptivos em numerosos livros, em conferências nas universidades, etc. Um dos membros da Federação escreveu o livro: “O CONTROLE DA NATALIDADE. POR QUE MENTEM ÀS MULHERES?”.
[2] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000200014
http://fertilidadeinteligente.blogspot.com/search/label/Endometriose
http://fertilidadeinteligente.blogspot.com/search/label/SOP
[4] http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/hormonios-promessas-e-realidade.aspx

