A cultura dos anticoncepcionais
Parte 2
O uso dos anticoncepcionais
para fins terapêuticos é sempre lícito?
O primeiro artigo da série sobre os anticoncepcionais falou sobre o que está escondido na cultura contraceptiva [1]. Como dissemos, muitas mulheres que usam este medicamento não têm todas as informações necessárias para que possam saber os riscos que estão assumindo ao usá-lo. A ocultação destas informações importantíssimas não é um acaso, mas, ao contrário, faz parte de uma estratégia de manipulação e implantação da cultura abortiva e antinatalista.
Assim que a pílula foi criada, era simplesmente um anticoncepcional, no qual eram colocadas altas doses de hormônios, a fim de que os ovários não fossem estimulados pelo hipotálamo. De fato, causavam aquilo que prometiam: a inibição da ovulação. Por inibir completamente a ovulação, não havia a possibilidade de ocorrer a concepção. Quando o Papa Paulo VI se manifestou, na encíclica Humanae Vitae, sobre o uso das pílulas para efeitos unicamente terapêuticos [2], os contraceptivos eram apenas inibidores da ovulação. Por isso, não haveria a possibilidade, ainda que remota, de provocar um aborto. Isto porque, se não há óvulo, não pode haver concepção.
Contudo, essa alta carga hormonal causava muitos efeitos colaterais às mulheres. Foi preciso, então, minimizar as dosagens desses hormônios, combinando-os com outras substâncias capazes de, ao final, produzir o efeito prometido, que era a contracepção. Surgiram, então, os contraceptivos combinados (COCs), definidos nas bulas como “contraceptivos de componentes combinados”.
Isto significa que além de impedir a ovulação, provocaram outros efeitos a fim de impedir uma gravidez. Ou seja, nesta nova fase dos contraceptivos, os cientistas admitiam a possibilidade que eles poderiam falhar e, por isso, combinaram componentes que provocariam alterações no muco cervical, para impedir ou mesmo dificultar que os espermatozóides se mantivessem vivos e, muito pior que isso, o efeito de alteração no endométrio com a finalidade de impedir a implantação/nidação.
Para muitas mulheres, ler isso na bula dos medicamentos significa absolutamente nada. Mas a nidação nada mais é do que a fixação do óvulo fecundado (atentem-se, f-e-c-u-n-d-a-d-o!) no útero. Após a fecundação do óvulo nas trompas de falópio, ocorre uma movimentação até o endométrio. Chegando lá, o futuro embrião deve fixar-se nesta espécie de parede do útero, de forma a permitir uma gravidez em perfeitas condições. Portanto, fica claro para qualquer pessoa sensata que os anticoncepcionais, ao produzirem o efeito de impedir a nidação/implantação, tornaram-se um medicamento abortivo.
Certamente, não era sobre este tipo de medicamento que se tratava na Humanae Vitae, de modo que, para a Igreja, o aborto não é permitido em hipótese alguma, dado o caráter sagrado e inestimável da vida humana. Sendo assim, a licitude dos anticoncepcionais para fins unicamente terapêuticos não abrange este tipo de contraceptivo combinado, pois agora sabemos que provocam abortos ocultos; ocultos porque, ainda que a mulher não perceba, está provocando a morte de seus bebês, pois o embrião que chega ao útero e lá é fixado já é vida; já possui suas características genéticas, com todas as suas potencialidades. Ali, já se tem definido tudo que ele será.
É de assustar a forma dissimulada de agir de muitos ginecologistas que, sabendo disso – e eles sabem, porque estudaram –, não informam e instruem suas pacientes. Eles, que fizeram o juramento de defender a vida, observam quietos o ventre de suas pacientes se tornando um verdadeiro leito de morte de tantos bebês. Uma vida é sempre um dom de Deus, é um milagre. Mas este milagre tem sido trocado por muito dinheiro que se produz com comércio dos anticoncepcionais.
Antigamente, as bulas traziam claramente esse efeito abortivo [3], mas com o passar do tempo, para a própria manutenção da cultura abortiva e antinatalista, isso foi sendo ocultado, de modo que as bulas atuais trazem apenas a seguinte informação:
“O efeito anticoncepcional dos contraceptivos orais combinados (COCs) baseia-se na interação de diversos fatores, sendo que os mais importantes são inibição da ovulação e alterações na secreção cervical.” [4].
À interação de diversos fatores, expressa nessas bulas, exceto os mais importantes que foram elencados pelos cientistas, podemos dar o nome de alterações no endométrio que impedem e dificultam a nidação. Portanto, meus irmãos em Cristo, não restam dúvidas de que há muito tempo temos sido enganados em relação a esse medicamento aparentemente inofensivo.
Façamos nossa parte de divulgar esta informação, sobretudo aos casais de boa vontade, que amam Nosso Senhor, mas que sofrem com patologias que os faz depender dos anticoncepcionais para o tratamento. Incentive-os a buscarem alternativas aos contraceptivos combinados, tendo a coragem de trocar de médico, se for necessário.
Por amor a Deus, que deseja fazer-nos fecundos e operar o milagre da vida pelo sim daqueles que são chamados ao matrimônio, busquemos a verdade. Conversem com seus diretores espirituais para que lhes orientem nesta caminhada. Tratem deste tema nos grupos jovens, falem nos cursos de noivos, na pastoral familiar, nas redes sociais... Não se omitam. Alguns irão achar um completo absurdo, mas façamos nossa parte. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Lc 8, 8).
São João Paulo II, rogai por nós!
Carolina Amaral
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[1] http://www.igrejajovem.com/#!a-cultura-dos-anticoncepcionais/c1axf
[2] HV, nº 15.
[3] “Os contraceptivos orais combinados agem por supressão das gonadotrofinas. Embora o resultado primário dessa ação seja a inibição da ovulação, outras alterações incluem mudanças no muco cervical (que aumenta a dificuldade de entrada do esperma no útero) e no endométrio (que reduz a probabilidade de implantação).”
http://www.medicinanet.com.br/bula/3753/nordette.htm
http://www.medicinanet.com.br/bula/4900/tamisa.htm
[4] http://www.medicinanet.com.br/bula/5522/yaz.htm
http://www.medicinanet.com.br/bula/5520/yasmin.htm
* assista também ao vídeo do Padre Paulo Ricardo: https://www.youtube.com/watch?v=VXcpiktmYfM&feature=youtu.be

